Hoje, vim para Teresópolis, e estou, como vocês sabem, muito envolvido no lançamento do "Todas as estrelas do céu", que de certa forma, é uma espécie de "ode" aos anos noventa, década na qual fui adolescente. Lá pros idos de 1997, 1998, embora morasse em Terê, eu passava todos os meus verões em Florianópolis. Sempre andei mais com as meninas que com os meninos, e uma guria chamada Juliana era minha melhor amiga à época, e o foi por muitos anos. Creio ser dela estas linhas que achei hoje, direcionadas a mim e a meu apelido em família, entre as páginas de um antigo caderno de música meu, ao qual me postei ao piano para tocar algumas canções antes de vir para o computador. Saudades da Juli, faz anos que não a vejo.
De qualquer forma, encontrei nestes cadernos, alguns dos quais usei também na faculdade, logo após terminar de escrever o "Todas", vários textos que me marcaram na ocasião, e dividirei alguns com vocês hoje. O sábio Leoni disse: "quando tudo não passar de um retrato, colorindo de saudade o meu quarto, só aí vou ter certeza, de fato, que eu fui feliz." (in "Fotografia"). Que postemos, então, alguns retratos.
Dado a fazer poesias minúsculas, escrevi por aqueles tempos, para uma menina, lógico:
"E eu que pensava que a felicidade era a azul...
E eu que pensava que a morte era negra...
Que nada, as duas são morenas,
de olhos castanhos..." (in "Cores", março de 2000)
Também anotei em meu caderno, trechos de outros autores, muito melhores que eu, lógico. Um deles foi...
"We are such stuff as dreams are made on, and our little life is rounded with sleep" (in "The Tempest". Shakespeare)
ou, de um dos autores prediletos de meu amado pai...
"Dá-me tua mão de convivência, vamos viver o tempo que nos resta, tão curta a vida!, na medida de nossos desejos, no ritmo de nosso gosto simples, longe das galas, em liberdade e alegria, não somos pavões de opulência nem gênios de ocasião, feitos nas coxas das apologias, somos apenas tu e eu. Sento-me contigo no banco de azulejos à sombra da mangueira, esperando a noite chegar para cobrir de estrelas teus cabelos, Zélia de Euá envolta em lua: dá-me tua mão, sorri teu sorriso, me rejubilo no teu beijo, laurel e recompensa. Aqui, neste recanto do jardim, quero repousar em paz quando chegar a hora, eis meu testamento." (in "Navegação de Cabotagem", Jorge Amado, 1992)
E assim, lendo estas reminescências dos que me formaram enquanto leitor e autor, entendo um pouco do que sou hoje, da minha escrita que prezo tanto e da qual espero viver, se vocês me permitirem, claro. Num curioso exercício proposto pela professora de Língua Portuguesa do primeiro semestre da faculdade, em que nos obrigava a usar "palavras difíceis", escrevi, aos ralos 19 anos:
"Desde logo convém notar que este texto me foi pedido por minha professora de Língua Portuguesa. Mister se faz ressaltar também que outra opção não me resta, já que deveras dependo de sua avaliação para dar continuidade à minha prezada vida acadêmica. Mas o faço com muito gosto, pois indubitável é a importância de tal atividade para que se cumpra a matéria e enriqueça nossa habilidade na escrita. Em suma, aqui nestas linhas repousa o texto que nos solicitaste, professora, embora eu não esteja certo de ter cumprido apenas os dez períodos que especificaste."
E eu, aos 19 quase 20, coração partido de um namoro recém terminado, anotei alguns versos do sempre genial poeta gaúcho:
"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?" (in "Do amoroso esquecimento", Mario Quintana)
Despeço-me, queridos, daqui a uns bons dez anos, muito mais reminescências terei somado. Que cheguemos lá sãos, salvos e vivos. Nem sempre isso tem se verificado, e meu mundo hoje é mais vazio que na deliciosa década de 1990.
Hum... É mesmo uma delícia quando nos deparamos com o passado, meu primeiro post no blog foi justamente sobre um diário antigo há mais de 10 anos enterrado no fundo do armário. Incrível como encontramos de tudo, detalhes saudosos, alguns erros e consequências que agradecemos já ter ficado para trás, vai me dizer que não teve nenhum momento que deu vontade de bater na própria testa e dizer: como fui estúpido?
ResponderExcluirUm filme baseado em fato reais, sem cenas cortadas e com um personagem principal muito famoso(para nós,claro)se passa dentro da mente e diante dos olhos.
Torçamos juntos para que sempre tenhamos um passado aprazível a qual olhar.
Um beijo.
Nanda
Enderssssssssson coloquei no twitter e vou colocar aqui tb: 1o fiquei super emocionada c a dedicatória q chegou no meu "Todas" vc dizendo q o meu Todas era o 1o de Recife! Isso vai ficar p história qdo vc ficar megafamoso e eu posso dizer q acompanhei desde o começo essa trajetória!!! Li em 3 horas sentada no sofá e a cada página uma emoção, especialmente q vc citou um dos meus seriados favoritos de tdos os tempos Dawson's Creek...ameei, me senti de volta no tempo!!!!!! Altas emoções...Mtoo sucesso p vc...bjossssssssssss
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