Laguna del Inca, Portillo Ski Resort, a 2800m de altitude, Chile.
Era madrugada ainda quando deixamos o confortável hotel em Las Condes e atravessamos Santiago do Chile rumo ao aeroporto. No rádio do taxi, tocava nada menos que "The Scientist", Coldplay.
Não é só a neve, não apenas a visão indescritível da grandeza da Cordilheira dos Andes, ou da imensidão do Pacífico na cosmopolita Viña del Mar ou nas ladeiras históricas de Valparaíso. O Chile, muito além da agitação da Ahumada, da placidez das águas da Laguna del Inca, ou das ondas de Reñaca, ou das neves eternas do Aconcágua - tão alto quanto 10 Corcovados empilhados - tem um encanto que nos chama de volta, toda vez. Na receptividade do povo, nos deliciosos ceviches e vinhos, na limpeza das ruas, no senso de civilidade do lugar.
Muitos temem o terremoto, mas não lá. Primeiro, porque faz parte da vida deles. Pequenos tremores acontecem o tempo todo, poucos deles perceptíveis, raríssimos os que causam danos e mortes. E segundo e mais importante: o Chile é um país preparado para sismos e tsunamis, o que explica as estatísticas: o terremoto do começo do ano com epicentro em Concepción foi 800 vezes mais forte que o do Haiti, mas produziu 200 vezes menos vítimas fatais - e a maior parte delas pereceu pelo tsunami que se seguiu ao tremor, e não pelo terremoto em si. Os chilenos entendem, de certa forma, que este é o preço que pagam por ter a imponente cadeia montanhosa ao longo de todo o seu território.
Quem visita Santiago hoje, um par de meses após o grande tremor de terra de 2010, comparável apenas aos grandes terremotos de 1985 e 1960 (o maior já registrado na história) mal percebe que toda a capital chilena foi deslocada quase meio metro em direção ao Atlântico em menos de dois minutos. Fora prédios históricos, que antigos e menos preparados, sofreram danos menores, e um ou outro viaduto em fase de acabamento - mas todos de pé, já - apenas o Aeroporto Internacional Arturo Merino Benítez, deixa transparecer os resultados do tremor - mas alguém que desconhecesse as notícias, pensaria tratar-se de uma reforma qualquer. Não sei até onde o terremoto assustou os turistas, mas a temporada de ski deste ano promete, muita neve e muitos brasileiros. Não há razão para temer, o Chile continua lá, lindo, praticamente intacto, esperando nossa visita, numa maneira recíproca até de contribuirmos para colocar de pé ainda mais rápido a jóia dos Andes. Políticas internas impecáveis - como dobrar o imposto apenas sobre cigarro e combustível, também estão financiando a rápida reconstrução do que o terremoto destruiu. E da nossa parte, um passeio pelo belo país de Neruda pode sair mais barato que ir ao nordeste do Brasil, e será com certeza, muito mais surpreendente.
Mais que visitar, o Chile é um país digno de se morar. Já estive em Santiago dezenas de vezes a trabalho. A passeio, só esta semana, e mais outra na ainda mais "breathless" Ilha de Páscoa. E recomendo muitíssimo, sempre. Falta conhecer o elogiadíssimo sul do país, Patagônia, Torres del Paine, Punta Arenas, e também o deserto do Atacama, ao norte. É um pais estreito - cerca de apenas 200km de largura na maior parte do território, mas longo - quase 5mil km de norte a sul. Mas haverão outras oportunidades, e não despediçarei. E minha dica é: pesquise, informe-se, pois o Chile vale muito à pena.
Espero um dia poder tirar uma foto igual a sua!
ResponderExcluirAinda não conheço o Chile, mas está nos meus planos, em breve poderei te contar o que achei deste país ;)
Bjs