Este post poderia ser de uma história muito bonita e que daria um livro. Eu poderia contar – ou relembrar – os primeiros dias do que viria a ser o grupo Novas Letras. Poderíamos falar do post da Carol Christo em março de 2010 expressando sua revolta pela invasão de títulos estrangeiros no Brasil. Poderia comentar do momento em que eu expressei minhas impressões sobre o tema no twitter e algumas pessoas muito incríveis abraçaram a ideia e começamos o que se tornaria o Desafio Nacional. E alguns dias depois, já em maio, quando pedi à Bianca Briones os emails de alguns autores para fazermos um encontro com nossos leitores e ali conheci Fernanda França, Leila Rego, Tammy Luciano, Patrícia Barboza. Poderia lembrar da Paula Pimenta, a primeira baixa do grupo, que após poucas semanas reconheceu que não poderia se dedicar ao projeto como gostaria. Poderia lembrar da reunião que eu e Fernanda tivemos com a Saraiva, e naquele momento o Novas Letras tomou forma, e se desmembrou do Desafio Nacional, que se tornara um movimento sólido e muito mais amplo. Poderia lembrar dos dois encontros no Rio de Janeiro aos quais não pude comparecer por causa do meu trabalho, e depois do primeiro evento em SP no qual aconteceu a mesma coisa, e do auge de nossas carreiras, quando lançamos nossos livros no estande da Saraiva na Bienal do Livro de São Paulo, em agosto, apenas 3 meses depois de inciado o projeto. Também poderia comentar aqui do especial encontro em dezembro em São Paulo, quando todos os sete autores estiveram presentes ao mesmo tempo, pela primeira e última vez, pois a charmosa Roberta Polito e a divertida Kamila Denlescki escolheriam meses depois dedicar-se aos seus projetos pessoais fora da literatura. Poderia lembrar do incrível início de 2011, quando o Novas Letras esteve em oito cidades em apenas três meses, incluindo a última sexta em BH, quando várias blogueiras começaram e a plateia toda na Fnac cantou “parabéns pra você” para encabulados e surpresos escritores.
Mas não, não vamos falar do passado aqui. Falaremos do futuro. FLIP e Bienal do RJ se aproximam, e ambas, os eventos mais significativos do ano, focam com imensa fúria nos autores estrangeiros. Muitos deles – alguns um tanto obscuros – desmarcaram a participação na FLIP, por exemplo, deixando buracos na programação que seriam ótimas oportunidades de divulgar nossos projetos. Por mais que ambas levem a palavra “internacional” em seus nomes, é gritante a preferência por autores nem sempre tão conhecidos assim do público brasileiro.
O Novas Letras, assim como outros movimentos que surgiram neste meio tempo, conseguiu muito. Trouxemos o público para a livraria para falar de literatura nacional contemporânea, levamos os autores para perto dos leitores em mais de duas dezenas de eventos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Ceará. Colocamos a literatura jovem brasileira em pauta em dezenas de blogs, fomos citados milhares de vezes na internet, colocamos nossos livros em todas as grandes redes de livrarias do Brasil, em parcerias valiosas com Saraiva, Cultura e Fnac. Fizemos muita gente experimentar e se encantar pela produção dos jovens autores nacionais. E no entanto, vem a Bienal nos contradizer. Trazer a velha e ultrapassada máxima de que o leitor brasileiro só se interessa pelo que vem de fora. Nós provamos que não é assim, que a única coisa que falta ao leitor nacional para admirar sua literatura conterrânea é incentivo. É investimento de editoras e livrarias. É a valorização dos ótimos livros nacionais que têm sido escritos nos últimos anos por dúzias de talentoso autores.
Felizmente, posso adiantar, já tem gente grande percebendo isso, entendendo o potencial da nossa literatura, e nós mesmo do Novas Letras esperamos muito em breve trazer novidades avassaladoras para vocês neste tópico.
Agora, uma coisa é fato. Assim como queremos estar em todas as cidades brasileiras onde tenhamos leitores e gente apaixonada por literatura, também queremos estar na Bienal e na FLIP, representando um pouco da nossa rica literatura contemporânea. Estamos fazendo o que está ao nosso alcance, mas quando os produtores destes e de outros eventos entenderão que o público amadureceu e mudou de opinião?
Já levamos o Novas Letras várias vezes a Rio e São Paulo, já estivemos em Campinas, Natal, Fortaleza, Brasília, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, já lançamos nossos livros e o projeto na Bienal do Livro de São Paulo, estivemos na programação oficial da Bienal de São José dos Campos e da Feira do Livro de Poços de Caldas. Estamos prontos para ir até sua cidade, onde ela estiver, desde que consigamos patrocínio para chegar e ficar aí.
E queremos sim participar da Festa Literária Internacional de Paraty e da Bienal do Rio de Janeiro, e dos próximos eventos deste tipo em João Pessoa e Salvador também. Estamos trabalhando duro pra isso, e só nos falta mesmo sermos correspondidos com o mesmo carinho inacreditável que recebemos de vocês, nossos leitores, todos os dias, de todos os cantos deste país que leva muito jeito para deitar em berço esplêndido enquanto a literatura estrangeira lhe invade os cômodos e as estantes dos mais vendidos.
Muita gente se preocupa com nossa balança comercial sem reparar que na balança literária, nunca sequer soubemos o que é superávit, pois sempre importamos muito mais do que exportamos de literatura. Existem caminhos conhecidos para que cheguemos lá, e isto passa inevitavelmente pela Feira de Frankfurt em 2013, quando o Brasil será tema do principal evento da literatura mundial. Então, estou pensando em começar, shaw we?!
Quer ter um evento Novas Letras na sua cidade?! Leve Enderson Rafael, Fernanda França, Leila Rego, Patrícia Barboza e Tammy Luciano até perto de onde você mora para palestras, bate-papos, sessão de autógrafos e muito mais! Mobilize-se, junte seus amigos e colegas, encontre o lugar ideal, seu colégio, faculdade, centro cultural e entre em contato com nossa assessoria bruno@borgesassessoria.com.br O Novas Letras quer chegar a todos os cantos do Brasil, participe!
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