segunda-feira, abril 18, 2011

O próximo best-seller











Um best-seller se faz de tecnologia alemã e americana. Saiba como!

O Brasil é um país curioso. Exporta minério de ferro e importa literatura. Se você duvida, basta olhar a valorização da Vale na Bolsa de Valores e a lista dos livros mais vendidos. Bem verdade que o livro mais vendido no país, já há algum tempo, é um de auto-ajuda, de autoria de um padre brasileiro conhecido. “Ágape”, só na semana passada, vendeu quase 20 mil exemplares, segundo a lista da PublishNews, referência no mercado editorial. A lista é uma amostra apenas, mas uma amostra importante. Os números totais não devem ser muito diferentes, assim como as proporções também não.

“Ágape”, terei de concordar, é de um autor brasileiro, e nem sei se já é, mas talvez seja em algum momento exportado. Mas neste artigo, procurarei me ater aos livros ditos de ficção, nicho do mercado no qual me enquadro e portanto, é o que mais me interessa e creio, aos meus leitores. Além do quê, os livros de ficção se encaixam melhor no que entendemos como “literatura”, sem querer menosprezar títulos de outras categorias, geniais e necessários, como os de Laurentino Gomes e Carl Sagan, só para citar dois autores maravilhosos, um daqui e outro de lá.

Pois bem, dentre os livros de ficção, o primeiro colocado em 2011 é “A Cabana”, de William P. Young, pela Sextante. Nem vou entrar no mérito espinhoso da questão se “A Cabana” é ou não literatura, se devia estar em auto-ajuda ou o quê, mas tenho que concordar que ele vendeu muito: só este ano, foram 36mil exemplares na amostra da PublishNews – uma lavada de “Ágape” (com 220mil no mesmo período) se estivessem ambos na mesma categoria. Termos dois livros assim entre os primeiros colocados, e com tamanho volume, indica isto mesmo: o brasileiro está desesperado, e nem sabe bem com o quê. Algo estranho, no país que é a bola da vez do cenário mundial. Como dito no artigo anterior, ser a 7ª economia do mundo não resolve todos os problemas, e olha que estamos falando da minúscula parcela da população que lê e, teoricamente, tem as melhores rendas...

Mas bem, em seguida vem o rei da lista, Nicholas Sparks. Seus três títulos em 2º, 3º e 4º lugares venderam 80mil exemplares este ano na amostra, o que daria pra encher quase três cabanas, e somando o 6º da lista, também do americano, lá vamos nós para quase 100mil livros nestes primeiros meses de 2011. Nem preciso dizer que vender 100mil livros resolveria a vida de qualquer autor nacional, né? Mas bom, sigamos com nossa lista. Ben Sherwood (11,2mil) e Becca Fitzpatrick (9,9mil) levam alguns dos últimos lugares entre os dez, intercalados por três brasileiros: os veteranos Augusto Cury (16,7mil) e Martha Medeiros (10,4mil) e o novato Eduardo Spohr (14,5mil). Dentre eles, Eduardo merece destaque: ao contrário de Martha, não tem um filme pra ajudar, e ao contrário de Cury, não escreve algo “pra” ajudar. E mais um ponto pra nosso colega carioca: ele acabou de começar na literatura, e sua grande virada veio de grandes investimentos em marketing, mídia, distribuição e outras coisas. Eduardo ainda colhe os frutos de 2010, quando seu “A Batalha do Apocalipse” entrou na briga com outros anjos, vampiros, lobisomens e coisas afins, uma espécie de feijoada nascida do sucesso de “Crepúsculo”, assim como Becca. Mas é louvável tudo que ele conseguiu. Porém o importante é: como ele conseguiu?! Bom, lidando direto com seu público através do JovemNerd, Spohr já havia conseguido muito coisa. Alguns milhares de livros vendidos ao longo de dois anos. Mas um belo dia, o namorado na filha de uma editora da Verus sugeriu “A Batalha do Apocalipse” para a futura sogra, e aí, embalado pela máquina Verus/Record, Spohr vende hoje em uma semana o que levava anos pra vender. Triste mas real, num mercado minúsculo como o nosso, não basta batalharmos, temos que ter QI.

Hoje me perguntaram por que o “Três Céus” ainda não foi publicado e, uma vez que o “Todas as estrelas do céu” já tem um sucesso comparável ao de Spohr nos primeiros anos, é mesmo intrigante. O tema de meus livros estão bem mais pra Sparks que pra Becca, uma vez que gosto de histórias de amor e obstáculos bem verossímeis e cotidianos. Ao contrário da literatura fantástica, me encanta o fantástico do nosso dia a dia, as coisas incríveis que desconhecemos mas fazem parte da vida de alguém – como ser tripulante de uma grande companhia aérea e viver a 12mil metros do chão e 900km/h. A resposta deve oscilar entre timing e QI. O “Todas as estrelas do céu” me dá imensas alegrias, mas ainda que venda bem, não é um best-seller. E talvez seja isso que falte para o “Três Céus” despertar a cobiça alheia.

E chegamos à formula de um best-seller. Um livro, para ser bem sucedido, precisa agradar às massas, falar com elas, fazer com que elas se identifiquem. E essa é a parte fácil, a qual posso dizer que consigo, com trabalho duro e profissionalismo, alcançar sem problemas – e nem poderia ser diferente, se pretendo ter uma carreira literária longa e feliz. Mas uma obra que tenha isso tudo só consegue vender mesmo com divulgação ostensiva, distribuição impecável, presença de destaque em livrarias e preço compatível, ao melhor estilo “dinheiro chama dinheiro”. Viu como é simples, ainda que caro? Os livros que mais vendem são os que usam de duas coisas: zeitgeist e marketing.


Enderson Rafael é escritor.

21 comentários:

  1. Enderson falou tudo, meu caro: divulgação ostensiva, distribuição impecável, presença de destaque em livrarias e preço compatível.
    Mas msmoo uma editora grande não dá tanta atenção a qlqr livro publicado por ela, a não ser q saiba q eh um tiro certeiro, como o do Eduardo... A Record msmoo lança mais livros do q tem capacidade de distribuir e mtoos ficam estocados sem chegar às prateleiras, mas se for um título q ela sabe q dá certo a atenção eh mais exclusiva, digamos assim!
    ÓTIMO POST!
    Bjossss

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  2. Diz a lenda, Rafa querida, que elas, as grandes, podem se dar ao luxo de 1 sucesso pra cada 9 desastres. Talvez seja verdade, talvez agradar tantos QIs inclua derrubar árvores à toa, mas eu ainda aposto no profissionalismo. Beijo enorme!

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  3. Como sempre sendo realista e bem lógico, você sabe tratar e falar de assuntos sérios como este, pra mim "Todas" é um dos melhores livros que lí nestes últimos tempos, e sinceramente, não estou interessada em ler Cabana e nem Ágape etc. não são do meu gênero literário, abç.,

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  4. Mto obrigado pelo comment e pelo compliment:-) Mas é isso, Pati! Se uma editora pegar um autor bom nacional e investir nele tanto quanto investe em um gringo, duvido que não vire best-seller! beijo!

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  5. Você tem toda razão. Antes eu achava que as editoras não pegam os autores nacionais porque não acreditavam no sucesso, hoje diante do que vejo acho que elas não pegam por puro medo de não darem conta do recado. Por mais divugalção que façam, se o Eduardo já não tivesse a divugalção dele mesmo com uma editora F... ele não venderia tanto. As editoras querem vender os internacionais, os nacionais elas investem + com os dois pés atrás. Isso qdo fazem um trab sujo de edição. Dá para contar nos dedos as boas editoras brasileiras... falei d+ rsrss

    bjos

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  6. Eu não sabia que você tinha um blog tão delicioso de acompanhar.Parece fácil criar um best seler não é?
    Acho que um pouco de polêmica ajuda muito.É nisto que estou investindo para meu futuro lançamento.

    =)

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  7. Adoro sua forma de escrever sempre.
    Se ainda não aconteceu do "Todas" entrar na lista de mais vendidos, tenho fé, pela sua ótima hisória que o "Três Céus" vai alcançar esse merito, pode demorar ser publicado, mas vai bombar, por que a história é ótima.
    Beijos e sucesso sempre!

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  8. Falando em polêmica, Carol, não seja tão dura com as editoras:-) Elas tem que ser conservadoras de algum modo, precisam dar lucro pra se manterem. Mas acho sim que elas poderiam redirecionar parte de suas energias em criar sucessos nacionais, inclusive exportando-os depois. Tá mais que na hora de virar a jogo. E Marcélia queria, polêmica ajuda sim, mas a linha entre o burburinho e a rejeição é tênue, use com parcimônia:-) Um best-seller é relativamente fácil de criar, mas se bem feito, pode dar mto dinheiro com risco relativamente baixo. É assim que as grandes editoras, com capital para tanto, se sustentam. Beijão pra vcs!

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  9. Lena querida! Bom, sua opinião ganha um peso extra pois vc é das poucas pessoas que leu os dois, né! Muito obrigado pelo comment, e keep walking, que pra frente é que se anda;-)

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  10. ostei mt do post Enderson!
    Sabe, eu nunca tinha parado pra pensar sobre QI no mercado editorial - mesmo parecendo uma coisa bem obvia a se fazer uma vez que ele é importante em varias areas da vida....
    Sabe, eu tb escrevo, tenho um livro pronto, mas estou meio cansada de procurar editoras e não ter retorno, é realmente muito dificl pro escritor brasileiro continuar!
    Eu vejo vcs, se unindo, fazendo eventos, lutando por espaço, divulgação, enquanto pra um escritor internacional as editoras se encarregam mt bem de fazer isso sozinhas (e sem precisar da presença deles!)
    Achei interessante vc citar o Nicholas pois uma vez estava lendo sobre os contratos de publicação internacionais e eles são bem diferentes por lá. Começa pelo fato de valerem muito dinheiro, enquanto aqui depende quase que exclusivamente da vendagem. Sei lá, parece que la as editoras realmente investem nos escritores, talvez por isso o trabalho de divulgação seja melhor. Não é raro vermos escritores internacionais que ganham muito dinheiro enquanto aqui é o raro é ver um escritor que conseguiu ganhar dinheiro ou mesmo viver só de publicar livros! Não sei se isso é por conta do publico de leitores, já que aqui no Brasil mesmo com o 'boom' de blogs literarios, ainda são poucas pessoas que leem porque gostam...
    Por outro lado entendo o receio das editoras, pois é claro que elas esperam lucro (como qualquer empresa) e acho que se elas investem tanto no mercado internacional a culpa é nossa, que acabamos dando mais valor ao que vem de fora (e não só com livros). Acho que se eles publicam bem mais internacionaos do que nacionais é por resultados de pesquisas que demostram que as pessoas estão mais inclinadas a compra-los... Não é? Enfim, divulgação é mesmo importante, mas não deixo de pensar que se está assim agora a culpa é toda nossa.

    bjss

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  11. A culpa é nossa, Eve, de autores e editoras. Os leitores, na sua grande maioria, são levados pelas ações de propaganda e marketing. "Não existe informação sem persuasão". Só na escolha de quais títulos estarão aparecendo na livraria o leitor já é levado a comprar aquele título e não outro. Se os leitores brasileiros parecem estar mais interessados em títulos gringos, é só pq há mais investimento neste autores do que em nós. Veja o Spohr, a Thalita, o próprio Padre Marcelo. Nosso preconceito com literatura nacional é quase nada quando comparado à nossa suscetibilidade ao marketing. Defendo sim, que qualquer livro meu ou de outro autor brasileiro razoável que receba investimentos grandes, terá vendas igualmente grandes. O zeitgeist somos os autores que fazemos, mas o marketing que as editoras fazem é infinitamnente maior e mais abrangente do que o que podemos nós, fazer. A culpa dos autores, no entanto - e isso tem levado, creio, à nossa marginalização - é uma falta de profissionalismo gritante. Boa parte dos autores brasileiros escreve pra si, tem uma visão romantizada da profissão, e já ouvi mto livreiro e editor dizendo que "não movem a bunda" pra venderem seus livros. Bom, o Novas Letras é o oposto disso! Nós movemos e muito, e é por isso que estamos conseguindo bons resultados de venda e divulgação. As editoras, por sua vez, deviam parar de se preocupar tanto com traduções extra-oficiais de livros dos quais compraram os direitos. Há coisa boa para ser publicada aqui, e nós, autores, estamos esperando ansiosamente por esta oportunidade.
    PS: repare: há eventos de livros estrangeiros que enchem de leitores, isso que o autor nem foi lá! Quer mais marketing que isso? Nós temos este diferencial presencial e devemos usar. Eu, como autor, com meus livros e com o Novas Letras, já estive em Paraty, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Fortaleza, Brasília, Ribeirão Preto e São José dos Campos. Só no próximo mês já estarei em Guarulhos, São Paulo (pela 10a vez), Poços de Caldas, Belo Horizonte e Ribeirão Preto (de novo). Ou seja, nosso principal diferencial é estar perto dos leitores, algo que amo fazer, pq o carinho deles é a melhor remuneração que podemos ter (ainda que não a única necessária haha). Que o façamos, pois! Beijo, Eve!

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  12. Quanto ao sucesso da Becca realmente partiu de toda aquela coisa de Crepusculo, e muito jovens hoje em dia estão fissurados demais num romance sobrenaturalm principalmente pelo disparo da mídia em cima desses temas entre o amor impossivel com pessoas diferentes, marketing é a chave de tudo isso hoje...
    Sou fã da literatura fantastica, mas as que são baseadas na vida real são realmente fascinantes, talvez por isso Nicholas venda tanto, porque a vida é fascinantes...
    QUanto a auta ajuda, realmente acredito que muitos estejam desesperados procurando um meio de suportar a todas as coisas que se passa e procuram um meio de ajeitar tudo atraves desses livros, e eles vendem mesmo....
    Quanto ao seu artigo concordo em tudo, mas pra ter sucesso aqui, realmente tem que por a mão no bolso e investir, investir muito!

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  13. É isso aí, Kézia querida! Sempre defendi uma tese: o que atrai os fãs de Harry Potter e Crepúsculo não é o sobrenatural, mas as relações interpessoais e romanticas dentro das tramas. São histórias que talvez funcionassem mesmo sem magia. Beijão!

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  14. Mais uma vez com a razão Enderson: o q me atrai em Crepúsculo, Fallen, Sussurro e etc. são as relações românticas e não o sobrenatural, elas funcionariam msmo sem esse foco!
    Bjossssssssssss

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  15. Fala Enderson.

    Realmente hoje o QI é tudo. Acho que para um autor nacional conseguir espaço em uma grande editora ele tem que ralar todos os dias, vender o máximo que puder, ir ao máximo de eventos e conhecer o máximo de pessoas. Com essa fórmula uma hora você pode conhecer alguma pessoa que se interesse pelo seu trabalho e ai a porta se abre quando menos se esperar. Eu espero né rsrs.


    Acho que nós como autores já fazemos algo que poucos fazem que é a criação de eventos e a participação neles. Se você for ver somente nos últimos anos é que os autores realmente começaram a correr atrás e por isso as editoras devem ter ainda essa imagem conservadora, pois os autores também eram conservadores. Lembro de ter ido na bienal de SP de 2008 e quase não vi autores em stands, somente a Talitha Rebouças.

    Já na de 2010 eu encontrei pelo menos 20 e todos vendendo seus livros e abordando leitores. Até mesmo no exterior é necessário QI, mas ele só aparece para quem se mostra. E vc faz isso muito bem, pois está sempre por aí se divulgando.

    Quem sabe o dono da Rocco não pega um vôo contigo e conheça o Todas rs! Seria perfeito!


    Parabéns pelo post!


    Abraços


    Leandro Schulai

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  16. Daê, Schulai! Muito boas suas observações. Como eu disse no meu primeiro livro publicado, "Propaganda e Marketing para vestibulandos, calouros, curiosos e simpatizantes" (Ed Novas Ideias, 2006) num capítulo sobre este assunto, QI a gente faz. Leva sorte, claro, mas muito mais trabalho. E estamos todos correndo mto atrás, as editoras é que ainda não se acostumaram com a ideia, talvez vejam como fogo de palha, se é que vêem. Mas em breve, quando o livro digital tornar desinteressante trazer os estrangeiros, talvez vejamos uma valorização grande do livro nacional.
    Falando em eventos, dia 29 nos vemos no Novas Letras SP, né? Fnac do Morumbi, 19h30;-) Teremos um papo fantástico!
    Grande abraço!
    PS: o "Todas" tá em boas mãos, já, os outros livros é que estão abandonados, coitados... e eu nem poderia vender meu peixe a bordo:-P

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  17. Sem dúvidas que o marketing é fundamental, e que um pouco de sorte (o livro cair nas mãos corretas) também. Mas nada muda o fato de que também é preciso uma boa história e uma boa escrita.

    E olha, eu tenho lido muito, muito e muito, Ende, e como leitora - não sou crítica, nem trabalho em editora, nem com marketing - o que mais vejo é livro ruim, com sinopse interessante, capa bonita e um marketing absurdo em cima.

    Ai tem todo aquele frenesi e... o livro é ruim. A história é ruim, a escrita é pobre, a narrativa não se sustenta. E isso eu vejo como leitora. Mas ao que parece, o importante não é cativar o leitor, mas vender. Infelizmente, eu sou dessas que se não gosto da escrita de um autor, eu não leio mais nada dele. Ou seja, eu vou comprar uma vez só!

    Infelizmente muita gente ainda é muito e muito afetado pelo marketing, pela aparência e não pela essência - sim, eu compro livro pela capa, dai a gostar... - mas acho que esse pode ser uma faca de dois gumes, ao menos para os leitores mais exigentes :)

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  18. Oi, Vanilla! Então, como digo no artigo, é preciso que o livro tenha o tal "zeitgeist", ou seja, esteja conectado com o momento do público que o consumirá. Mas este "ziriguidum" pode ser simulado com boas sinopses, e principalmente, com boas capas, divulgação e distribuição ostensiva, tudo aquilo que entendemos como "marketing" (a sinopse simulacro de boa história inclusa nos esforços). É só vc ver os índices de rejeição do livro, mas enquanto negócio, se o objetivo é vender, a lógica dos esforços é para que ele se venda. Mas o boca a boca só ocorrerá se o livro for minimamente bom. Por outro lado, temos a famosa long tail... Ou seja, há mercado pra tudo. O importante para a editora é saber se este mercado, seja qual for seu tamanho, vale o investimento. Para o autor, cujo único ganho real é o de escala, pelo menos financeiramente, a long tail é desprezível. Beijo enorme e obrigado pela participação!

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  19. Só a título de informação. A questão das editoras darem mais foco aos livros estrangeiros passa também pelo funil da distribuição. Conseguir colocar os livros nas prateleiras, com destaque, nas livrarias é muito difícil, quase impossível. Se você tem um livro que já é um best-seller mundial, lista do new york times, ele certamente será colocado nas vitrines sem tanto esforço. Esse é um dos principais motivos pras editoras apostarem nos livros estrangeiros. Em vez de se gastar rios de dinheiro com marketing, eles fazem tiragens gigantescas, podendo assim ceder os livros pras livrarias bem baratinho e conseguindo, com isso, os espaços privilegiados. O livro do Spohr não teve tanta propaganda, mas teve um trabalho altamente efetivo nos pontos de venda, o que é o mais importante para livros.

    As livrarias, inclusive, vendem espaços nas gôndolas e vitrines. Nem todas as editoras admitem pagar para os livros estarem lá, mas algumas admitem, como a Ediouro. Nem todas as gôndolas e vitrines são vendias, só uma certa parte, mas TODAS as grandes livrarias vendem espaços privilegiados. Nós pensamos que os livros estão ali por causa do público ou da qualidade, mas muitas vezes são livros que pagaram pelo espaço.

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  20. Olá, Leo! Exatamente, temos 3 vezes mais editoras que livrarias no Brasil. Mas muitas vezes livros gringos sem muita expressão lá fora são lançados aqui, ou então livros bem sucedidos lá mas desconectados com nossa realidade, o que em tese pode ser menos vantajoso que lançar um autor nacional com semelhante esforço. Apesar de toda a comercialização no ponto de venda, a liberdade de vendedores é surpreendente, mesmo em grandes redes. Conheço muitos que trabalham no meio, e mesmo com os espaços "comprados", ainda resta uma boa parte da livraria para os livreiros e vendedores "brincarem", apostando em obras nas quais acreditam. De qualquer forma, dispor-se de uma grande tiragem - e isso não deixa de ser marketing - permite manobras impossíveis para pequenas editoras e autores desconhecidos. Não abordei este pormenor de forma contundente no artigo, achei que não cabia no argumento, mas foi bem ressaltado por você. obrigado pela contribuição;-) PS no próximo post, semana que vem, trago a entrevista com o editor da 2AB, e ele tem uma opinião bastante interessante e pouco difundida ainda sobre o futuro do mercado literário, no que diz respeito à compra de direitos de livros estrangeiros.

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  21. Estou começando um blog sobre livros, onde irei colocar resenhas de livros que li, fazer sorteios, indicar livros, anunciar lançamentos e gostaria de fazer uma parceria.

    Meu blog: www.coffeebook.blogspot.com

    Aguardo resposta.
    Obrigada.

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