quinta-feira, janeiro 19, 2012

Um pequeno livro sobre um grande tema



















São Paulo vista de um avião a 12 mil metros de altura. Não é reza brava que faz avião voar...

Em 2007 parei de escrever "Três Céus" por alguns meses. Uma grande amiga, católica, dissera que eu "perdera muitos pontos com ela" quando ela descobriu que eu era ateu. Fiquei muito chateado, tão chateado, que resolvi explicar, num livro, porque eu não era uma pessoa pior por eu ser ateu. Na verdade, era até o contrário. O livro ainda não foi - e nem sei se será - publicado. Afinal, não é meu foco literário. Mas aqui vai, para vocês, a introdução de "O bom ateu", escrita logo depois que terminei o livro de tamanho semelhante ao do "Todas" e que, claro, me custou muita pesquisa. Algo que alguém tão apaixonado pelo conhecimento Científico fez com imenso prazer, claro.

No nosso dia-a-dia, é uma discussão infundada. Deus já está tão ausente na prática, que chega a ser curioso que as pessoas acreditem tanto nele. Não digo isso pelas coisas tristes que nos circundam, de desastres naturais a pequenas injustiças, passando evidentemente por todos os meandros da estupidez humana. Assim como não encontro Deus nestas desventuras, tampouco o vejo na bondade, na caridade e no amor, que nos fazem seres realmente interessantes. Tudo tem uma explicação mais simples. Carl Sagan, alguém que morreu antes que eu o conhecesse mas, graças à invenção da escrita, me passou um pouco de sua lucidez sempre dizia isso. Pode parecer, para os que crêem, que Deus é a explicação mais simples, e de fato ela basta à maioria das pessoas. Mas quando digo simples, digo lógica, racional. Não que para se chegar à conclusão simples, tenha sempre que se passar por fórmulas complicadas, como as que terminaram por elucidar - em seus formatos simples - as leis que regem nosso Universo, e com isso explicaram boa parte do que muitas pessoas chamariam de Deus. Se você ouvir um barulho suspeito na sua casa durante a madrugada, vai se assustar, achando que tem alguém lá, quem sabe até uma assombração. Mas é muito mais provável - e você sabe disso - que seja uma louça molhada escorregando na pia porque havia ficado precariamente equilibrada no escorredor, ou o vento que esteja assobiando pela janela, ou dependendo, até seu cachorro fazendo alguma investigação noturna debaixo do armário. Existe sempre uma explicação mais simples. Para não usar a palavra "aceitável".

Este livro não é escrito por um cientista, nem por um teólogo, nem por um filósofo. Mas por um jovem escritor, formado em Comunicação Social, que trabalha a bordo de aviões por gostar muito de voar, e que por certas circunstâncias, acabou por pensar bastante sobre o mundo à sua volta. Tive uma tremenda sorte em ter os pais que tive, ambos equilibradíssimos. Minha mãe, religiosa fervorosa nas suas crenças, mas com a discrição saudável que sua religião ensina. Meu pai, sem religião nenhuma, provavelmente até ateu - mas como bom ateu, ele não faz questão de mostrar isso - e com uma bondade tão grande quanto a da minha mãe, mas um senso de racionalidade apurado que sempre me norteou com conselhos e muito mais ainda, pelo exemplo valioso que os pais servem aos filhos.

Talvez por isso, porque minha vida tenha sido tranqüila, minha educação farta, meus mestres variados, tenha ficado mais fácil eu chegar às conclusões que cheguei. Não só tive tempo para isso, mas também os instrumentos que a fé cega dispensa, mas o conhecimento requintado exige. Nunca fui bem em matemática, seria um péssimo físico - como Einstein - matemático - como Newton - ou mesmo astrônomo - como Galileu. Porém, por mais que eu não entenda os cálculos que os levaram às descobertas que fizeram, eu percebo a lógica do que dizem. A curiosidade me faz chegar lá, e como eles preferiram a razão ao bom-senso (que são coisas diferentes), eles perceberam que o Universo não é do jeito que é para nos agradar. Na verdade, nós somos um acidente quase improvável, e fossem os valores das leis que regem a Natureza - da gravidade que prende planetas em suas órbitas até a carga negativa dos elétrons - um pouco diferente das que estes grandes pensadores provaram, e nós não estaríamos aqui para discutir o assunto. Isso, claro, nos induz ao erro. O Universo parece desenhado para nós, afinal não fosse como é, não existiríamos. Bom, não fosse como é, as rochas e a água também não existiriam, e isso não as faz rezar para ninguém. É do ser humano querer dar sentido às coisas, estabelecer relações causais. Nosso cérebro, forjado - gosto desse termo - pela seleção natural nas savanas da África cerca de 200 mil anos atrás, precisava disso. Andávamos em pequenos grupos, vimos que precisávamos um dos outros para caçar, para nos proteger do frio, da seca, às vezes até para nos proteger de outros grupos humanos que encontrássemos no caminho. Isso explica muitas coisas, e as descobertas da antropologia e geologia modernas só sustentam cada vez mais essa tese. Somos carentes por isso, gostamos de fofoca por isso, e damos sentido às coisas por isso. Era melhor achar que havia visto um tigre num vulto qualquer e depois descobrir o equívoco do que considerar que era apenas uma planta se mexendo com o vento e ser pego de surpresa. A Terra não tem 6 mil anos, como acreditam judeus, cristão e muçulmanos. Datações geológicas precisas mostram isso, até mesmo registros históricos egípcios e chineses provam que não. O dilúvio nunca existiu - e muito menos os dinossauros foram extintos por não caberem na arca. Tem gente que fala que répteis com nove metros de altura são uma fraude. Outros dizem que foram encontrados os restos da arca de Noé - que diga-se de passagem, estariam, pela lógica, no Himalaia, a mais alta cadeia de montanhas do planeta. No entanto, se você pergunta a um crente em Deus se ele acredita em fadas ou gnomos, a pessoa achará absurdo. Bom, tem gente que acredita em uns, em outros, e até nos dois. Por mais que nunca tenhamos visto Deus, fadas, ou gnomos. Você sabe que não viu. Você sabe que a auto-sugestão é poderosa. Você sabe que só porque escuta perfeitamente sua falecida avó falando com você nas suas lembranças, isso não significa que ela esteja mesmo viva falando com você desde o além. Tem muita gente que acha absurda a hipótese do Big Bang. Bom, porque ele aconteceu é um mistério - que o comportamento bizarro mas real das partículas subatômicas que foram criadas quase no momento da explosão estão cada dia mais próximas de justificar o que veio depois. Mas é razoavelmente certo que aconteceu. Podemos medir as distâncias no espaço, e sabemos que os incontáveis aglomerados de galáxias estão afastando-se um dos outros a sete mil quilômetros por segundo, o que indica claramente que já estiveram no mesmo lugar e são impulsionados por uma força inimaginável. Tivesse a Terra - e o Universo, segundo o Gênese bíblico - sido criada há menos de 10 mil anos, e nosso céu noturno seria bem mais sem graça. O próprio centro da Via-Láctea, a nossa galáxia, não seria visível, pois não existiria. Como a Terra está num obscuro canto da nossa galáxia a 30 mil anos luz do centro dela, sua luz não teria chegado ainda aqui, e toda as noites seríamos privados do espetáculo leitoso que parece atravessar o céu. As Escrituras mostram apenas um mundo parcamente revelado pela ciência infantil da época em que foram escritas. Por homens, seres humanos como você. Já acreditou-se que as estrelas estivessem coladas num domo, que chamamos de céu. Já acreditou-se que o sol girasse em torno da Terra. Já acreditou-se que a Terra fosse plana. Já acreditou-se que nós fôssemos o centro de alguma coisa, uma espécie divinamente criada especialmente por um Criador. Bom, nisso, muita gente ainda acredita. A existência de Deus é sim, como diz Dawkins, uma questão científica, e o escapismo de não misturar Ciência e religião é mais uma proteção da segunda contra a primeira. Só porque não provamos que Deus não existe, não significa que Ele exista. O contrário também. Mas ao longo do livro, você verá que "possível" e "provável" são palavras distintas e quase independentes. Eu joguei na loteria hoje. É possível que eu ganhe, mas não é provável. Amanhã, depois do sorteio, a verdade se revelará. Ou eu ganhei, ou não. Sem meio-termo. Falar sobre Deus é um pouco mais complicado, pois ainda não chegamos nas evidências que serviriam de sorteio da loteria, e talvez nunca cheguemos. Mas as evidência que temos até agora mostram que Ele não só foge bastante do que seja provável, mas beira já, mesmo com nossa ainda rudimentar Ciência, o impossível. Para muita gente, ainda é ridículo pensar que viemos do macaco. Bom, até para um biólogo sério a suposição é ridícula. Macacos e nós viemos de um ancestral comum, e apesar de estarmos separados já por milhões de anos de evolução, ainda assim, os chimpanzés demonstram sentimentos semelhantes aos humanos que vão de desejo sexual a afeto, passando por irritação, alegria, e também o alegado diferencial da nossa espécie: raciocínio. Mas se para você a observação não for suficiente para provar nada, não tem problema. A tecnologia da genética atual - a mesma que prova, inquestionavelmente, paternidades - mostra que 99,4% dos nossos genes ativos são idênticos aos destes simpáticos primatas. Se você aceitar que toda a vida na Terra evoluiu de um simples organismo unicelular, nos últimos 3,5 bilhões de anos, a semelhança vai deixar de parecer mera coincidência. E quem sabe, se a astronomia por ter valores absurdos e se a física quântica por ter comportamentos bizarros não o tenha convencido da nossa insignificância, a antropologia e a genética consigam dar-lhe a injeção de humildade com a qual todos os ateus foram vacinados. Este livro é o resultado de meses de pesquisa, muita discussão e um exercício de auto-conhecimento revelador. Eu mesmo me tornei mais convicto das minhas certezas, tanto mais eu tive de colocá-las à prova para defender minhas idéias nas linhas que você lerá, numa evolução evidente da clareza de pensamento do primeiro ao último capítulo. Agradeço demais a todos que acreditaram neste projeto, me ajudaram com suas posições contra e a favor da tese do livro, alguns citados aqui, outros apenas lembrados por seus pontos de vista. É um pequeno livro, mas sobre um grande tema. Espero sinceramente que você, leitor, fortaleça suas crenças ao lê-lo, seja concordando com meu ponto de vista, ou mostrando para si mesmo que o seu faz mais sentido. É essa dedicação ao nosso intelecto que vai salvar a Humanidade. Foi ela que nos salvou até aqui.



7 comentários:

  1. Acredito que a bondade está em nossos corações, independente de religiões ou crenças. E te conhecendo como te conheço, jamais te julgaria por ser católica e você, ateu.
    Infelizmente, religião não define caráter! Se definisse, talvez a humanidade estivesse salva, tantos são os religiosos nesse mundo...

    Quanto à publicar ou não o livro... pra que escrever e deixar guardado? Acho sempre muito interessante conhecer outras visões daquele autor que só escreve romance e\ou ficção...
    Talvez eu não seja a única... pense nisso! ;)
    Beijo!

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  2. Um tema interessante e que, provavelmente, vai render um comentário gigante (Que eu comecei a digitar no dia em que foi postado, mas tive que sair e só agora achei o arquivo pra completar.)

    Bom... Eu sou cristã evangélica, o que talvez você já saiba. Embora seja meio cética com relação a algumas coisas que vejo, pra mim, o que não faz sentido nenhum é viver sem Deus. A MINHA vida não teria sentido sem Ele, e eu tenho plena convicção de que Ele não só existe como inspirou a Bíblia. Não acho que ciência e religião sejam incompatíveis, pelo contrário, alguns grandes cientistas eram religiosos. Um dos sonhos que não sei se algum dia realizarei é estudar a Bíblia e a Física em paralelo (amo Física).

    Sobre a sua amiga católica, sinceramente, eu fico chateada quando vejo uma atitude dessas - o que, infelizmente, é bem comum. Tenho amigos evangélicos, católicos, ateus, espíritas. Se eu gostaria que todos acreditassem no mesmo que eu? Sim, gostaria. Mas não cabe a mim fazer tal escolha e não quero me privar de boas amizades por causa dessa diferença. (Acho que só é problema em relacionamentos românticos. Sou muito esquentadinha pra dividir a minha vida com alguém que tenha opiniões tão diferentes.)

    Acho que o problema é quando as pessoas tentam convencer as outras a qualquer custo. Não que explor suas razões seja errado, mas esse é um terreno delicado. Conheço pessoas que conseguem abordar as outras e conversar sobre religião com sabedoria, sem ofender ou avançar demais. Por outro lado, outras me envergonham. Eu, normalmente, nem tento. Gostaria muito de ser dessas que consegue falar, mas não consigo - a menos que a pessoa dê espaço voluntariamente. Prefiro mostrar no dia-a-dia o que eu acredito ser o verdadeiro cristianismo e demonstrar os valores que a Bíblia me ensina e que incluem o respeito a todos.

    Beijos

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  3. Liv e Cintia, mto obrigado pelos seus comentários! É um tema espinhoso demais, e tento me desapegar dele. Mas o mundo me provoca o tempo todo com absurdos cometidos em nome de entidades sobrenaturais e religiões. Dói em mim ser minoria, e mais ainda pq a maioria impõe suas opiniões e até rotinas de forma a influenciar minha vida tb (por exemplo, o embargo da Igreja às pesquisas com células-tronco). Afinal, como pessoa bastante educada cientificamente, reconheço que tudo que temos de bom hoje, principalmente em avanços médicos, vem da ciência, da pesquisa, do nosso próprio esforço humano em nos conhecermos e vivermos mais e melhor. E é só por isso - pq as religiões se metem tanto na vida uma das outras e tb nas de quem não acredita em nenhuma delas - que ainda não consegui ficar quieto. Tenho mto orgulho das minhas convicções e dos meus valores morais, que me foram passados sobretudo por meus pais. Como vejo a questão da fé em Deus como uma questão científica, acho sim que a humanidade está caminhando. Um dia, muitos séculos atrás, até milênios, éramos quase todos politeístas, de forma que o monoteísmo da maioria da população hj, parece ser uma evolução da crença. Vai saber... um dia podemos nos tornar todos ateus, mas com certeza eu não viverei o suficiente pra ver isso. Tenho grandes desafios pessoais pela frente, como por exemplo, educar meus futuros filhos sem a necessidade de um papai do céu. Gostaria mesmo de achar uma 3a via (olha, filho, a maioria das pessoas acredita em tal coisa, mas vc tem direito de não acreditar tb). Mas são todos desafios ainda distantes. O mais imediato é encontrar o valor de nós em nós mesmos. Afinal, se na minha concepção (e dos outros milhões de ateus) estamos aqui por uma feliz coincidência cosmológica, e SÓ por isso, o sentido da vida passa a ser outro, mais presente, mais imediato. E é no amor e na bondade que me apóio. É na grandeza de sempre aprender mais que me resguardo, e na dificílima arte de respeitar coisas absurdas aos meus olhos que me desafio. Beijo!

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  4. Sobre religião eu creio que, no fundo, as pessoas tenham medo de se descobrirem sem alguém para recorrer. O medo humano sempre foi estar sozinho, não sabemos viver fora de uma sociedade, e talvez são necessárias tais formas de manifestação de crença.
    Espero que seu livro saia, Enderson! Eu gostei muito do texto e é fácil perceber as agulhadas do preconceito férreo contra a minoria, ateus etc.. Acho suas idéias incrivelmente interessantes, *o*. Mesmo. Creio que discutir Deus esteja um tanto fora de cogitação, afinal, cada um vai no que se sentir melhor. O fato é que é preciso, necessário e mais que obrigatório discutir limites e respeito, o que realmente falta quando o assunto é religião. Religião não define caráter de forma alguma e não é difícil encontrar exemplos por aí que estão de acordo com o senso comum de 'bom caráter'. Talvez seja necessário um pouco de compreensão pela parte da minoria, sabe? Não compreensão que alega sermos superiores - não existe tal coisa. Mas compreensão com nossas personalidades, para não nos ofendermos. Afinal, todo mundo acredita no que acha que é certo. Algumas crenças são um tanto mais 'limitantes', por assim dizer, que outras. Mas voltando ao seu texto. Eu adoraria ler este livro, compraria e ainda iria correr atrás de autógrafo. Adorei sua escrita e suas idéias. Não esconda esta idéia numa gaveta!

    Beijones,
    Rachel Lima
    corujando.org

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  5. Como eu disse, nosso cérebro foi treinado pela evolução para estabelecer relações de causa, e viver sem um "porquê" de estar aqui, de sofrer o que se sofre, de morrer, é extremamente difícil pra todos os humanos. Mas a descoberta de que é assim é uma das consequências de nosso intelecto altamente desenvolvido. Afinal, nem tudo é óbvio, e a realidade mtas vezes parece não fazer sentido, por mais que ela seja verdade. Se o livro vai sair algum dia? Algumas editoras o avaliaram e declinaram... Bjo Rachel!

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  6. Bem, não é simples falar sobre esse tema. Não com visões tão extremas, tão certas de que retêm a verdade e indispostas a ouvir o outro lado. Admiro sua atitude em não só expor sua opinião - como tantos fazem -, mas fundamentá-la. Admiro-o por prezar pelo respeito. A meu ver, quando começarmos pelo respeito, aí sim teremos uma discussão saudável, da qual a verdade possa emergir.

    Até poucos anos, era católica não praticamente. Foi então que parei um pouco para raciocionar e descobri que, se não praticasse, não poderia ser católica. Não seria o mesmo dizer que sou escritora sem nada escrever, ou cientista sem duvidar e questionar? Se não ia à igreja com frequência, lia as Escrituras e refletia sobre o tema, não era católica. E, mais, não sei se quero ser católica. Não me foi dada a escolha. Minha família é católica, logo sou católica. Essa era a única verdade para mim na época.

    Então, como disse, parei para refletir. Penso que tenho mais dúvidas do que certezas, mas cheguei a uma visão própria. Acredito em Deus. Creio, sim, na existência de um Ser Supremo, onipresente, onisciente e onipotente. Creio que Ele criou tudo que existe. Creio que sempre nos observa e que está mais presente em nossas vidas do que imaginamos.

    Inicialmente, falei sobre respeito e fundamentamento. Vamos a eles. Respeito-o na sua crença (alguns consideram descrença. Discordo), assim como respeito budistas, islâmicos, judeus, pagãos, ocultistas, luciferanistas. Mas como posso respeitá-los? Respeito-os na medida em que respeitam minhas crenças. Respeito-os por acreditarem no que acreditam, por buscarem a verdade assim como busco. Pesquiso sobre as crenças deles, para podermos discutir. Busco ver as coisas do jeito que os outros veem. No final das contas, ninguém está de todo certo ou errado.

    Quem disse que Deus é do jeito que penso que Ele é? Segundo minhas crenças, Ele está além da compreensão de qualquer ser humano. Logo, de cara, não posso afirmar que ele enviará todos que não creem nEle para o inferno. Só sei que, pela mais simples lógica, que concilio com minhas crenças, as coisas não podem ser tão extremas. Se um ateu ajuda as pessoas, não merecerá ele ir para céu? Se um cristão que defende ardentemente sua visão amar o dinheiro acima de tudo, não será ele digno do inferno?

    Resumindo: acredito em Deus porque assim mandam minha razão e minha emoção. Conheço pelo menos o básico das teorias "contrárias" a Ele. Nenhuma me fez mudar de opinião. Não sei se sou católica, espírita, crente, ou nada. Sei que acredito num Ser que mal posso compreender. Vejo suas ações em coisas pequenas ao meu redor. Tentei usar da razão para explicá-las, mas falhei. Minha razão me levou a Deus. E Deus me levou a respeitar meus irmãos, acima de tudo. A amá-los e a querer ajudá-los (o que não quer dizer que não seja eu que precisa de ajuda). E, assim, nessa crença sem classificação exata, vou seguindo, buscando sanar algumas dúvidas. Parece loucura, não, rs?

    Bem, continue a escrever sobre esse tema. A humanidade carece de obras sobre o mesmo. Sua escrita é boa e argumentada. Quando tiver maturidade e segurança suficientes, também escreverei algo semelhante.

    Um abraço e mil desculpas pelo comentário gigantesco,

    Fátima Menezes - @RecantoCaliope
    http://recantodecaliope.blogspot.com

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  7. Oi, Fátima! Não desculpo, agradeço! Seu comentário foi ótimo e muito honesto e sincero. Uma das coisas que mais me evidenciam a "humanidade" das religiões é a maneira como elas se formaram ao longo da História. Uns 10 mil anos atrás, praticamente nenhuma das religiões que existem hoje existia. Logo, ninguém acreditava em coisas em que hoje milhões acreditam. Por outro lado, 4 mil anos atrás, muitos deuses que hoje só existem em livros de História, eram venerados por muita gente. Ou seja, tantos os deuses quanto as instituições religiosas são criações humanos, e não tivesse o imperador Constantino de Roma se convertido ao cristianismo, o ocidente não seria principalmente cristão. Eu vejo realmente a necessidade intrínseca do ser humano em acreditar em algo, e em quê ele acredita, depende de há quantas anda a cultura da região e do tempo em que ele está. E claro, há as exceções. Eu sou uma exceção, e sei que o que eu acho nunca será o que a maioria acha, pois isso implicaria em mudarmos completamente a maneira como as crianças são educadas, e ninguém vai mexer num vespeiro desses. Mesmo eu ainda não sei muito bem como educarei meus filhos quanto a isso (embora esse seja um campo fascinante pra se pensar sobre), ainda mais que tenho certeza que os avós deles falarão muito de "papai do céu". Obrigado pela sua participação, nos vemos no twitter! E escreva sim, é nossa dedicação ao intelecto que nos tem salvado até aqui:-)

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