quarta-feira, maio 12, 2010

Resenha - Pobre Não Tem Sorte (Leila Rego)

Tapa com luva de pelica ;-)

Mariana Louveira vem de uma família humilde, mas graças ao mundo que conheceu namorando o cobiçado Edu, com quem está prestes a se casar, se torna a típica patricinha de uma cidade do interior do estado de São Paulo.

Eu, que nunca fui rico, mas sempre estudei nos melhores colégios das cidades que morei, conheço bem o tipo. Afinal, sempre tive amigos que tinham condições bem melhores que as minhas, e embora não tenha sido afetado por isso como Mariana foi, entendo seu deslumbre.

Mas vamos à obra em si. Leila Rego é talentosíssima em duas coisas: fazer rir e conduzir a história. Primorosamente narrado em primeira pessoa, Leila mantém o controle sobre os diversos personagens com desenvoltura invejável, e um livro leve e divertido, que parecia à primeira vista uma ode às futilidades dos novos ricos, torna-se um contundente tapa com luva de pelica.

Sua protagonista, Mariana, se faz suportável apesar da tal futilidade com um humor afiado, um sarcasmo na medida e uma família interessantíssima. Enquanto lemos, quase escutamos sua voz estridente contando empolgada os detalhes do casamento, das roupas, bolsas e sapatos, e dos devaneios que ela própria cria para esconder dos outros e de si mesma a casa humilde onde vive com os pais de classe média.

E Leila vai nos desarmando com a leveza da história para uma reflexão pertinente quanto à importância que damos à nossa imagem, ao que os outros pensam de nós. E embora Mariana seja uma personagem extremamente caricata, não são raros os casos de nós ou de pessoas à nossa volta que partilham com a protagonista de "Pobre Não Tem Sorte" alguns valores deturpados, produzidos em grande parte por uma cultura consumista ao extremo.

Leila Rego está de parabéns, escreveu um chick-lit de qualidade, e com sua mão firme na história de Mari e Edu, pela qual torcemos em muitos momentos nos colocando no lugar dos dois, em especial nos maravilhosos diálogos que Leila constrói, dá até para esperar uma continuação. Afinal, uma história de amor só acaba quando termina, não é mesmo?!

3 comentários:

  1. Estou na metade do livro e já dei muitas risadas!
    Meu nome é Mariana e minha mãe chama-se Telma, mas as semelhanças param por aí, rsrsrsrsrsrs
    Meu marido chama-se Danilo e é engenheiro =)
    Bjs

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  2. Ainda não tive condições financeiras de comprar esse livro, mas é, definitivamente, um dos que estão na minha lista para serem comprados assim que arrumar um emprego.

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